Há um estranhamento em pensar na escrita como um vômito. Mas, o que seria? Senão, vômito. Jorro de emoções aprisionadas no âmago.
Enfia-se o dedo na garganta e expele, deixa que saia. Dizem que a sensação será muito melhor... E o é. Sempre é quando se diz... Quando se vomita e aquilo que te faz mal ou te incomoda ou te cutucou de alguma maneira, sai. E você se depara com todas as letras, frases, verbos, versos esparramados ali na sua frente, fétido, e os limpa da maneira que melhor couber no momento.
Enfiar o dedo na garganta. Enfiar o dedo na ferida. Mostrar o dedo... Tudo isso organizado com jeito, diz. Embora não passe de vômito. Ideias que necessitam de um modo para se esparramar e se fazer ver, entender, compreender, ouvir... Vômito. E as pessoas só visualizam o processo final.
Milene Paula
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