Disseram-lhe,
“agora é o mais velho”, e seus ombros juvenis ganharam um peso que ainda nem
sabia mensurar. “Você tem que cuidar do seu irmão”. “Meu irmão... mas se parece
com um bebê. Não seria essa a responsabilidade dos pais? Cuidar do bebê? Cuidar
de mim?”
Disseram-lhe,
e ali, na fala, na responsabilidade trazida por uma função não pleiteada,
criou-se um criança/adulto. Um cargo de primogênitos mas, às vezes, requerido
por algum outro irmão.
Disseram-lhe,
então, mesmo sem saber como, exerce essa tarefa. Numa jornada solitária,
confusa, angustiante.
Disseram-lhe
quem era, muito antes de saber quem é. O quanto será ou não um problema?
Pergunte ao tempo.
Disseram-lhes...
E muitos ainda estão, cuidando, zelando, responsáveis, se não pelo irmão, pelos
pais, pelos tios, pelos avós. São quietos, preocupados, porém, sempre ali,
aonde foram colocados, como guardiões. Um criança/adulto confuso, um
adulto/criança perdido. Um primogênito a quem delegaram uma função. “Agora você
é o irmão mais velho”, disseram-lhe, e ainda olha o outro sem entender o porquê
um outro lhe foi dado aos cuidados.
Disseram-lhe...
Repara bem e o irá reconhecer.
M.P.
Emocionante!
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