Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2020

SABE NOS SONHOS...

  Sabe nos sonhos? Quando a gente grita e não sai som algum? Estou num desses sonhos. Só que não sei se é o som que não sai, ou se eu quem já desistiu de gritar, já que ninguém vai ouvir.   Afinal, tudo está dentro. Tudo é. Tudo sou. Tudo soa. Ressoa. Vibra.   Perdida em outra dimensão. Imersa em mim.   Quisera tudo fosse apenas um sonho, porém, ao final da queda, cai-se em si, e acordamos pro real.   Sabe nos sonhos? Já não grito. Aprecio a queda. Porque não sei quando chegará o dia em que não será mais possível acordar.   Tudo o que há de concreto é esse instante de dúvida.   Vida e morte. Aqui e agora.   O fôlego antes do grito final.   Sonho. M.P. 2020

QUANDO EU ME DESCOBRI NEGRA

Muitos vão dizer: “Nossa! Como assim se descobriu negra?” Exatamente. Por isso, eu tentarei explicar aqui um cisco da necessidade de se descobrir ser o que se é... Quando eu me “descobri”. Porque a gente nasce negro, porém, só se descobre negro quando aceita esse fato, não como algo punitivo (como nos fazem pensar durante grande parte da nossa vida), e sim, com consciência de ser. O atual “empoderamento”. Pois, nos tiram tanto... Nos minimizam... Nos hiperssexualizam... Nos rebaixam a condição de coisa, de objeto, de só mais um corpo, de mais um número dentro das estatísticas... Que a gente nega o que é, até mesmo sem perceber, para tentar que nos percebam e nos aceitem, e aí, deixamos de ser... Então, sim! A gente precisa se descobrir negro. Se apropriar do direito de ser gente. Ser a gente mesmo, e se saber lindo. A primeira vez que eu olhei no espelho, e pude me orgulhar do que eu via, é uma lembrança pertencente a um futuro muito mais recente do que eu gostaria que foss

O LADO B DA RELAÇÃO

Crescemos ouvindo: “... e foram felizes para sempre”. Mas, ninguém nos diz o que acontece quando o encanto acaba. Quando deixa de ser novidade, e nos encontramos nus (não de corpo), mas, de alma. Portanto, em vista disso, eu gostaria de falar aqui sobre o lado B da relação. Aqueles dias de mau humor, de querer ficar num canto na sua, o não querer dar o braço a torcer, quando as longas conversas se tornam apenas algumas frases, ou mesmo sílabas soltas. Quando você para e pensa: “será que vale mesmo a pena?” “Até que ponto é cuidado, resiliência?” “Até que ponto é comodismo?” “Medo de ficar sozinho?” Por que não se diz o que acontece depois, quando, claramente, não é um conto de fadas? Os opostos não se atraem! Cada ser é único. Completo. E tudo o que ele quer é partilhar. Doar um pouco de si. Ensinar e aprender com o outro. Lindo, né? Não é! Você só acessa o outro o quanto ele permite. O quanto ele quiser que você saiba e/ou conheça. E aí está o lance. Relação é estar disposto.

INVISÍVEL CAOS

Uma respirada funda, e um fechar de olhos. De repente, tudo fora um sonho. Será? Abro os olhos devagar. Silêncio. Anúncio de um isolamento. O invisível está nos matando. Aliás, o invisível sempre nos matou. Respiro len-ta-men-te. Na tentativa de tranqüilizar os pensamentos. Tentando que o contabilizar de mortes diário não me mate ainda mais aqui dentro. E há tantos corpos lá fora... Roleta russa. Medo. Ansiedade. (In)credulidade. E muitos que antes já eram margem, tão invisíveis quanto àquele que nos abate, estão ainda mais apartados. Vírus visível dessa doente sociedade. Chegamos a divisa da humanidade. Quem é você? Estamos dentro, forçados a olhar para dentro. Gosta do que vê? Lave as mãos. Pilatos lavou e o Salvador foi dado à morte. Muitos não creram, muitos ainda não crêem... Fecho novamente os olhos, numa prece silenciosa. Busco um fio de esperança. Quantos dias mais? Caímos um a um, sem ar. Respiro. Será? Máscara. Álcool em gel. Dis-tan-ci-a-men-to. Quantos abraços não d