Uma respirada
funda, e um fechar de olhos. De repente, tudo fora um sonho. Será? Abro os
olhos devagar. Silêncio. Anúncio de um isolamento. O invisível está nos
matando. Aliás, o invisível sempre nos matou. Respiro len-ta-men-te. Na
tentativa de tranqüilizar os pensamentos. Tentando que o contabilizar de mortes
diário não me mate ainda mais aqui dentro. E há tantos corpos lá fora... Roleta
russa. Medo. Ansiedade. (In)credulidade. E muitos que antes já eram margem, tão
invisíveis quanto àquele que nos abate, estão ainda mais apartados. Vírus
visível dessa doente sociedade. Chegamos a divisa da humanidade. Quem é você?
Estamos dentro, forçados a olhar para dentro. Gosta do que vê? Lave as mãos.
Pilatos lavou e o Salvador foi dado à morte. Muitos não creram, muitos ainda
não crêem... Fecho novamente os olhos, numa prece silenciosa. Busco um fio de
esperança. Quantos dias mais? Caímos um a um, sem ar. Respiro. Será? Máscara.
Álcool em gel. Dis-tan-ci-a-men-to. Quantos abraços não dados. Quanta vida não
comemorada. Quantos corpos enterrados sozinhos. Negligenciamos a vida, e
nutrimos a ilusão de que tudo voltará ao normal. Normal!? O céu nunca esteve
tão azul. Respira. Por que tudo o que o Mundo quer, é uma chance de recomeçar.
Está ao contrário. Fecha os olhos! (Re)avalia! O que é e fato importante? Um
novo pronunciamento... Quantas mortes mais? Você está dentro ou você está fora?
Qual é um número aceitável pra você? Porque em mim dói, e eu nem os conheço. Olhe
para o lado! Tem certeza de que é só o vírus que você não vê?
M.P. 10 abr.2020
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