Pular para o conteúdo principal

SERVIR E PROTEGER

De onde eu vim os “super heróis” não chegam. Por aqui, é um por todos e, todos por um, e o UM e o TODOS sabem que a “bala perdida” tem o nosso endereço. Somos nós que baixamos o olhar e dizemos “sim, senhor... não, senhor”, que, só por termos “a cor dos quatro Racionais”, somos os suspeitos. Errados pelo simples fato de existir.

A cada dia um novo “caso isolado” é filmado... É possível nos ver morrendo pelo ângulo que você preferir. Mas, a ordem, ou melhor, o lema é “servir e proteger”. A quem? Porque, como eu disse, de onde eu vim, o grito de socorro é julgado. Para ser validado, é necessário estar em um certo lugar da cartela de cores. Mas, atirasse primeiro e elabora uma história depois. E o responsável é realocado até que a poeira baixe, afinal, ele está servindo e protegendo. Servindo um espetáculo aos que acreditam que a nossa vida nada vale, servindo mais um corpo preto no chão (talvez, a nova bandeja de prata). E protegendo todos aqueles coniventes com esse legado.

“Ah mas, estão doentes, exaustos, sobrecarregados...” Todos estamos! Uns ainda mais, pois, além de tudo, estamos com medo, e o pior, não temos a quem recorrer.

Está mais do que na hora de rever, reformular, começar do zero. Mas, o problema, é que mesmo filmando, ninguém vê, ninguém ouve, ninguém fala.

- “Ei, menina! Tá fazendo o quê aí?”

- “Nada não, senhor!”

Fim da transmissão.


Milene Paula
Dez/24

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

GATILHO

Eu nem sei por onde começar Eu nem sei ao certo quais palavras escolher Pois, elas precisam ser escolhidas com muito cuidado Para que a mensagem chegue Mesmo que a uma minoria É preciso que chegue tanto de forma direta Quanto nas entrelinhas   “CLICK, CLACK”   Talvez, a gente deva começar pelo fato de “MENINOS” cometerem atrocidades Enquanto, “MULHERES” devem ser mãe aos 10, 13 anos E, que se cogita a hipótese dessas mesmas “MULHERES” Serem presas por não gestar “FRUTOS” da violência   “CLICK, CLACK”   Ou talvez, devamos falar sobre as vestimentas Afinal, não se pode sair por aí provocando os expectadores Não importa você tenha 10 ou 80 anos Com muita ou pouca pele exposta Acordada, sedada, com alguma deficiência... “Nossa! Mulheres preferem encontrar com um urso na floresta, ao invés, de um “homem””   “CLICK, CLACK”   Monogâmico, não monogâmico Relacionamento aberto, relacionamento sério Ficantes,...

Cabeça cheia

É durante a noite que a mente fervilha. O dia com suas intervenções, performances, instalações, trilhas sonoras impedem a mente de dizer, ela limita-se a consumir, e nesse consumo ensandecido ela arde sem saber e durante a noite desmistifica o querer. Durante a noite arde e as chamas transpassam o crânio, sangram a pele, criam cicatrizes, as ideias tornam-se palavras, às vezes, com significado algum... Enigmas ocultos no não dizer...  Um sujeito que passa o dia a ouvir, absorver, mudo... Basta o surgir da lua e ele pôe-se a acreditar que tem algo a dizer. Que vão parar por um segundo e compreender tudo o que dançou na mente durante a osmose do dia. Durante sua inércia de vida. Sua dúvida, seu medo, sua dor, seu não ser... Os verá passar, dizer, sonhar, cantar, amar, criar e, o ignorar durante mais um dia, para voltar a arder em chamas falantes pela noite achando ser qualquer coisa que compreende o mundo.  Lisbella Lispectra

É UMA MENINA!

      “- É uma menina!” Disse o médico todo sorridente que não podia supor o porquê do sorriso daquela mãe ter desaparecido. Não! Ela não preferia um menino. Apenas resolvera com qual dor lidar quando fosse o momento.      O sorriso já havia desaparecido no instante que soube que estava grávida. Não deixava de pensar que talvez tenha sido muito irresponsável da parte dela trazer uma vida a esse mundo. Afinal, quem em sã consciência permite que uma criança negra venha a esse mundo, o SEU mundo, que a cada dia se mostra mais cruel com os seus. Mas, resolvera ir até o fim com a gestação.      “- Prefere menino ou menina?” Era o que sempre lhe perguntavam. Essa era outra dor que deixaria pra quando fosse o momento. Lidaria com uma dor por vez, assim esperava. Por hora, precisava lidar com o fato de ela mesma ser uma mulher grávida nesse mesmo mundo de horrores no qual ela gerava uma vida... “que terá que tipo de vida?”    ...