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Mil faces de mim


É com um suspiro que se iniciam alguns textos. Travo diariamente uma batalha silenciosa comigo. Diálogos infindos, brigas, conselhos, repreensão.
Os textos são sobre mim na maioria das vezes. Partes. Mil faces de mim...
É to-tal-men-te aplicável a mim – “não é você, sou eu”. Porque sou EU

quem não sorri,
quem não fala,
quem não age,
quem sempre compreende um segundo depois...

A pessoa que estará sozinha a alimentar suas personagens, acenando da janela para a felicidade, vendo a chaleira fumegar no acampamento.
Não sei como mudar isso. Tudo o que sei, é que dói. Dói muito. Ver no fundo de teus olhos que espera algo de mim. E eu não encontrar

a chave ON/OFF,
o estado VIVO,
não saber a pronuncia das palavras.

Olhar através da fechadura e ver um corpo não MEU deitado ao lado SEU a dormir nos braços MEUS pertencentes a VOCÊ.
Olhar através da fechadura e ver outro a realizar meu desejo por ser eu um covarde na arte de tentar. Olhar através da fechadura e ela estar coberta por não me pertencer o que ali existe.

Olhar, apenas olhar... E ao acordar tudo ser um completo vazio.

Não sei como mudar isso!
Me ajuda... Me socorre...

Inicio meus textos com um suspiro...
Travo diariamente uma batalha comigo...
Me perturbam os dias que não sou capaz de vencer...

Ao olhar em seus olhos quero dizer tudo o que grita a mente. Corresponder-me com nossas almas habitantes de distintos corpos. Vulgo – eu e você.
Poder ser EU ao lado SEU nos braços MEUS pertencentes a VOCÊ detalhados na pintura em nossa parede vista pela fechadura.

Ser-mil-faces-eternizada-em-poesia-imortalizada-na-constelação-de-um-novo-un(i)verso

Milene Paula

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