Conversa, vinho e música...
Risos bobos, assuntos tolos, lapsos de
realidade. Com ciência do que se viria a seguir.
O momento constrói-se dos detalhes. Retirou
seus óculos, isso percebeu, mas não precisa quando cerrou-se a porta... Quando
ficou tão perto a ponto de ser fácil tocar, sentir, arriscar...
Mais um gole? Oferecia com um acenar de
cabeça e a recusa dava-se com a mão. Ah, quantos não dizeres contêm a mão...
Aí a boca alcançou a nuca e sentiu o chão se
perder. Impossível, a partir de agora, se ater a detalhes, foi o que pensou
(não contava que a mente fosse tão perspicaz). O fôlego foi restabelecido no
toque sutil dos lábios a se desenharem na busca das coisas não ditas.
Conversa, vinho e música... (não
necessariamente nesta ordem)
A linguagem tornou-se única, instintiva, secreta.
Mais alguns goles de vinho e, não sabe precisar, se ainda soava a música...
As mãos tinham vida própria. Abstratismo em
alto relevo. Pensa tardiamente se doeu...
O suor gotejava em seu peito. Tocou seus
lábios e enxugou. Ganhou um sorriso...
Por algum tempo ecou-se gritos e, em algum
momento, a música voltou, selecionada e cantada ao pé do ouvido.
Era tarde, o vinho se acabara, a conversa
conteve-se nos lábios.
Caminharam e se despediram.
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