Os pensamentos se perdem. Interrompem-se com
o som que não é da mente. É externo.
Respira fundo... Mais não há como afastar o
desejo de vê-lo ensanguentado ao chão. Silencioso.
Volta aos seus afazeres, ou tenta. A porta se
abre outra vez.
Respira fundo... Cerra os olhos. Idealiza.
Abana as ideias e concentra-se em si.
A tarefa não é fácil. Tudo em volta treme,
farfalha, inibe o querer bem... Diz a si mesmo que não é nada.
A porta outra vez se abre... Não pensa em
mais nada.
Acompanha-o sem olhá-lo. Pode sentir os seus
passos. Quase não respira.
A porta se fecha...
Mais do lado de dentro deseja que volte a
abri-la, pois esta, com certeza, será a última e saborosa vez...
Lisbella Lispectra
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