Cruzam meu caminho algumas pessoas “únicas”,
iluminadas, verdadeiras, fortes... Pessoas que me fazem querer e ser melhor. Por
isso, sim. Estou cansada. Cheguei cansada. E muito do que aqui se relata, no
caminho já se perdeu, por outrora ter sido pensado e, como já foi pensado,
agora perdeu pureza... Mas não importa, por momentos assim, pessoas assim, as
palavras merecem ser posterizadas. Vale estar agora aqui consumida por um
instante bom.
Ao sair disse-me “diga”, e só assim sei
dizer, em letras e não em som ou pronuncia, em palavras que me escorrem e
gritam. E digo assim, vorazmente, sedentamente, por ter sido provocada. É,
pro-vo-ca-da. Como a muito não sou e de maneira que me agrada. O provocar que gera
palavra, inquietação, riso, razão a vida, motivação...
Ia guardar pra mim. Depois ia dizer só a
ti. Mais aí então, tinha sido e ainda estou provocada. Então, precisava
compartilhar... Deixar partir... Ser...
Não está pronto – disse. Mas a vida não
está, o ser nunca o é, quanto mais sendo um ser “híbrido”. Como eu poderia não
gostar? Tantas personalidades dentro de um só corpo, todas “ele” e nenhuma “própria”,
“madura”, “consistente”, “desejada” mas, todas “ele” e nenhuma o diz só, pois,
só podem dizer sendo todas.
Me pego aqui, de frente a tela, vendo o
piscar do cursor e buscando as palavras. Pulsando os seres expostos num único
corpo, e querendo-os todos sendo, sofrendo pelo rasgo, a partilha de alma na
separação, que julgo brutal, do ser que nega-se a ser ou, não aprendeu a ser...
O desconectar de uma parte simbolizado na camisa aberta, desfragmentada,
desunida, separada...
O ser só é com o todo. O todo contido
nele. O todo necessário buscar em outro. Hibridamente se é...
Deito hoje extremamente preenchida do
momento que é raro, deficitário e urgentemente, necessário. Não gosto quando se
expõe a chave que soluciona a charada. Gosto quando a “charada” me corrói, me
obriga, me intriga, me “provoca”, me instiga a desvendá-la.
Durmo hoje gra-ti-fi-ca-da, por ainda
haverem “seres híbridos” que me encantam. Pelo ser único que brilha gigante no
palco.
Milene Paula
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