Você pisca e bum está no chão sem saber o que
o derrubou. Levanta um pouco a cabeça, olha de um lado pro outro. Sacode a
poeira e segue. Passado um tempo isso se repete. Cai. Olha de um lado pro
outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de
um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai.
Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro e se levanta?
Agora percebendo que muito de si ficou no chão e está pisoteado, sujo,
despedaçado. O que lá está, caído, não se recompõe, não reagrupa, não mais faz
parte. Você caiu e olhou para o que não é mais, o que nunca será, o que talvez
fosse e agora não reconhece. Está ao chão caído, pisoteado, sem poder olhar de
um lado pro outro, vendo solados afundando-te, com braços e pernas que já não
reerguem, pois, não há corpo, não há razão pra sair dali. Agora é chão como
pode ser novamente algo que cai, olha e levanta? Não a pra que...
Milene Paula
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