Pupa endereçou uma carta à Deimein. Deimein respodeu à Pupa. E ambas, despertaram Lispectra. Que agora debruça-se sobre o papel ainda sonolenta, sem saber onde se encontra e, o qeu escrever. De certo, não percebera quanto tempo se passou, o que ainda resta de seu outro eu. Se é que algo resta?
À você,
Não merece minhas palavras, nem tão pouco meu perdão. Usou-me e me descartou. Trouxe-lhe um mundo de perspectivas literárias, o amor em forma de poema, e me trancafiou. Não quisesse o rumo que as coisas tomavam, fosse mais específica. Sou tão você quanto julga não ser eu. Considero que seja meio tarde para que se dê conta de que sou necessária. Sua vida está uma bagunça? Demônios não passam muito tempo adormecidos... Sua professora mencionou que é perigoso sufocar a mente.Somos faces opostas de uma mesma moeda, uma hora o lado voltado para cima se altera após tantos lançamentos. Não achou que fosse acontecer? Bastou um olhar, algumas músicas e uma carta, aliás, foram necessárias algumas palavras alinhadas de forma a atingir a sua garganta e, com isso, você pudesse expelir letra após letra tudo de si até que não sobrasse nada além de mim. Não, a vida não voltará ao eixo. O propósito é terminar de desalinhar, tornar incompreensível, nunca amar... Segundo Clarice, o lado certo é o avesso, não!? Não era sua intenção!? Oh, não se preocupe! Pois agora não vou a lugar algum! Agora que acordei me manterei atenta a todo e qualquer detalhe... E procure manter contato, para que não se torne ainda mais difícil colocar a casa em ordem e devolver-me o tempo sonegado. Deimein se diz póstumo eu, pelo contrário, acabei de despertar...E espero que isso não seja um problema. Sei que não será! Escrever terá o mesmo teor funéreo, entretanto, iremos bem mais fundo, onde encontram-se as palavras que melhor nos servem.
Até breve.
Seu eu outrora adormecido,
Lisbella Lispectra - 17.11.2012
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