Eu sei exatamente quem sou, o que sou, como pareço ser! Mas, só quando outro alguém diz, quem eu sou, é que eu passo a existir... É só a partir desse momento que sei "exatamente" quem sou! E nesse ponto minha vida se transforma ou, tem que se transformar, pois, até então, não era nada, e agora, além disso ser verdade, tenho que fazer algo contrário, embora soubesse todo o tempo o que eu era, e o que parecia ser... E temendo dia após dia a dura verdade. Sabendo sem querer acreditar, até o momento de alguém dizer e tornar-se realidade, a minha realidade, o meu secreto saber de que nada sou, apenas, um dependente de você - o outro, que a qualquer momento diz_____ pum..._____real...
“- É uma menina!” Disse o médico todo sorridente que não podia supor o porquê do sorriso daquela mãe ter desaparecido. Não! Ela não preferia um menino. Apenas resolvera com qual dor lidar quando fosse o momento. O sorriso já havia desaparecido no instante que soube que estava grávida. Não deixava de pensar que talvez tenha sido muito irresponsável da parte dela trazer uma vida a esse mundo. Afinal, quem em sã consciência permite que uma criança negra venha a esse mundo, o SEU mundo, que a cada dia se mostra mais cruel com os seus. Mas, resolvera ir até o fim com a gestação. “- Prefere menino ou menina?” Era o que sempre lhe perguntavam. Essa era outra dor que deixaria pra quando fosse o momento. Lidaria com uma dor por vez, assim esperava. Por hora, precisava lidar com o fato de ela mesma ser uma mulher grávida nesse mesmo mundo de horrores no qual ela gerava uma vida... “que terá que tipo de vida?” “- Amor, você não está feliz?” Estava, em partes, pois,
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