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NARRATIVA PERDIDA

    Por muitas vezes eu não sei por onde começar. Não faço ideia de como as histórias começam, pois, quando a gente se dá conta, estamos totalmente envolvidos no enredo, independentemente de ser ou não a personagem principal.      Eu tenho feito parte de algumas histórias... E, não sei precisar em que momento saí de observadora, mera coadjuvante, para a personagem da qual exigem ação. Tenho decisões a tomar que redicionarão toda a trama. Quebra de padrão. Rompimento de ciclo. Revelação das faces por detrás das máscaras...    Será que eu pulei o prefácio?    Ou me perdi na eloquência do narrador?    Tudo o que sei (sei!?), não, não sei. Como desfaço?    Em pensamentos me perco. Mil vozes que não calo. Atrás de um desfecho de uma história que eu nem sei como começou, mas exige um ponto final.   Quiçá, eu não seja uma das personagens, e sim, apenas um autor perdido com a sua caneta na mão.   Q...
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SERVIR E PROTEGER

De onde eu vim os “super heróis” não chegam. Por aqui, é um por todos e, todos por um, e o UM e o TODOS sabem que a “bala perdida” tem o nosso endereço. Somos nós que baixamos o olhar e dizemos “sim, senhor... não, senhor”, que, só por termos “a cor dos quatro Racionais”, somos os suspeitos. Errados pelo simples fato de existir. A cada dia um novo “caso isolado” é filmado... É possível nos ver morrendo pelo ângulo que você preferir. Mas, a ordem, ou melhor, o lema é “servir e proteger”. A quem? Porque, como eu disse, de onde eu vim, o grito de socorro é julgado. Para ser validado, é necessário estar em um certo lugar da cartela de cores. Mas, atirasse primeiro e elabora uma história depois. E o responsável é realocado até que a poeira baixe, afinal, ele está servindo e protegendo. Servindo um espetáculo aos que acreditam que a nossa vida nada vale, servindo mais um corpo preto no chão (talvez, a nova bandeja de prata). E protegendo todos aqueles coniventes com esse legado. “Ah mas,...

GATILHO

Eu nem sei por onde começar Eu nem sei ao certo quais palavras escolher Pois, elas precisam ser escolhidas com muito cuidado Para que a mensagem chegue Mesmo que a uma minoria É preciso que chegue tanto de forma direta Quanto nas entrelinhas   “CLICK, CLACK”   Talvez, a gente deva começar pelo fato de “MENINOS” cometerem atrocidades Enquanto, “MULHERES” devem ser mãe aos 10, 13 anos E, que se cogita a hipótese dessas mesmas “MULHERES” Serem presas por não gestar “FRUTOS” da violência   “CLICK, CLACK”   Ou talvez, devamos falar sobre as vestimentas Afinal, não se pode sair por aí provocando os expectadores Não importa você tenha 10 ou 80 anos Com muita ou pouca pele exposta Acordada, sedada, com alguma deficiência... “Nossa! Mulheres preferem encontrar com um urso na floresta, ao invés, de um “homem””   “CLICK, CLACK”   Monogâmico, não monogâmico Relacionamento aberto, relacionamento sério Ficantes,...

É UMA MENINA!

      “- É uma menina!” Disse o médico todo sorridente que não podia supor o porquê do sorriso daquela mãe ter desaparecido. Não! Ela não preferia um menino. Apenas resolvera com qual dor lidar quando fosse o momento.      O sorriso já havia desaparecido no instante que soube que estava grávida. Não deixava de pensar que talvez tenha sido muito irresponsável da parte dela trazer uma vida a esse mundo. Afinal, quem em sã consciência permite que uma criança negra venha a esse mundo, o SEU mundo, que a cada dia se mostra mais cruel com os seus. Mas, resolvera ir até o fim com a gestação.      “- Prefere menino ou menina?” Era o que sempre lhe perguntavam. Essa era outra dor que deixaria pra quando fosse o momento. Lidaria com uma dor por vez, assim esperava. Por hora, precisava lidar com o fato de ela mesma ser uma mulher grávida nesse mesmo mundo de horrores no qual ela gerava uma vida... “que terá que tipo de vida?”    ...

Agressivo? A partir de qual ponto de vista?

  Queria me abster e deixar passar como tantos outros assuntos? Queria. Mas, tem coisa que bate de um jeito, ativa uns gatilhos brabos, que se eu não colocar pra fora me sufoca... Já tenho coisa demais interiorizada que só hoje tenho maturidade para entender, mas, que ainda me machuca muito, embora eu tenha aprendido a lidar com muitas delas. Portanto, não vou guardar nada, não!   Mas, como bem disse o Emicida "a dor dos judeus choca, a nossa gera piada", e, graças aos céus nem todo mundo está deixando passar esse tipo de piada, ou falas atravessadas, que depois tentam ser consertadas com "eu não tive intenção, não foi bem assim", acompanhado de nota de "retratação". Estão  chocados porque houve "reação", e não, com o fato de já ter passado da hora de repensar esse "entretenimento" que ofende, machuca, humilha, destrói.  Estão chocados porque não estamos no lugar que nos colocaram de "submissos". Est ão chocados porque a r...

PRIMOGÊNITOS

  Disseram-lhe, “agora é o mais velho”, e seus ombros juvenis ganharam um peso que ainda nem sabia mensurar. “Você tem que cuidar do seu irmão”. “Meu irmão... mas se parece com um bebê. Não seria essa a responsabilidade dos pais? Cuidar do bebê? Cuidar de mim?” Disseram-lhe, e ali, na fala, na responsabilidade trazida por uma função não pleiteada, criou-se um criança/adulto. Um cargo de primogênitos mas, às vezes, requerido por algum outro irmão. Disseram-lhe, então, mesmo sem saber como, exerce essa tarefa. Numa jornada solitária, confusa, angustiante. Disseram-lhe quem era, muito antes de saber quem é. O quanto será ou não um problema? Pergunte ao tempo. Disseram-lhes... E muitos ainda estão, cuidando, zelando, responsáveis, se não pelo irmão, pelos pais, pelos tios, pelos avós. São quietos, preocupados, porém, sempre ali, aonde foram colocados, como guardiões. Um criança/adulto confuso, um adulto/criança perdido. Um primogênito a quem delegaram uma função. “Agora você é ...

E DEPOIS?

Haverá espaço ou, até mesmo, querer, pós tantos acontecimentos contidos num curto espaço-tempo? Depois de tanta ausência física?... Como se (re)encontrar depois do tanto que se perdeu? Depois que o oculto foi revelado? As máscaras realmente cairão? Será possível se reconhecer, permitir-se ver fora do chamado virtual? Se já não sabíamos quem éramos, como saber agora? Agora... Como se parecerá o "novo normal"? Empoeirado. Mofado. Destelhado. Vazio. O que restará dentro? Algo permanecerá inteiro ou, com pedaços que lembrem o que um dia foi? Algo passível de ser reconectado? Teremos tato para voltarmos a sermos palpáveis? Abraços. Apertos. Aproximação. Com que olhar enxergaremos o outro, agora que o lemos digitalmente, remotamente, visto por último... Como recolocar no lugar as coisas que vieram pra dentro sem nem pedir licença? Precisaremos de adaptação para ser o que um dia fôramos, mesmo agora, que já não somos os de outrora? Seremos (re)configurados? O que restará para reform...