Haverá espaço ou, até mesmo, querer, pós tantos acontecimentos contidos num curto espaço-tempo? Depois de tanta ausência física?... Como se (re)encontrar depois do tanto que se perdeu? Depois que o oculto foi revelado? As máscaras realmente cairão? Será possível se reconhecer, permitir-se ver fora do chamado virtual? Se já não sabíamos quem éramos, como saber agora? Agora... Como se parecerá o "novo normal"? Empoeirado. Mofado. Destelhado. Vazio. O que restará dentro? Algo permanecerá inteiro ou, com pedaços que lembrem o que um dia foi? Algo passível de ser reconectado? Teremos tato para voltarmos a sermos palpáveis? Abraços. Apertos. Aproximação. Com que olhar enxergaremos o outro, agora que o lemos digitalmente, remotamente, visto por último... Como recolocar no lugar as coisas que vieram pra dentro sem nem pedir licença? Precisaremos de adaptação para ser o que um dia fôramos, mesmo agora, que já não somos os de outrora? Seremos (re)configurados? O que restará para reformular e "normalizar"? Quando finalmente viveremos todo esse luto? Quando haverão braços e colos a nos amparar? Alguém vai ouvir o lamento? Ainda há tanto o que chorar, e tanto já foi chorado nesse caos apocalíptico no qual nos colocamos. Cai, não cai! A peça que ali foi estrategicamente colocada para escancarar o que há de pior em todos nós. O meme da caverna, não era meme, era premonição. E temo não querermos sair! Porque a cada dia que passa, lá fora, não se parece em nada com nenhum desses filtros que deslizamos na tela, capaz de tornar tudo, uma grande "fake news". Como a mente vai suprimir os vazios impreenchíveis de todo partir sem despedida? Será a terra capaz de digerir tantos corpos, ou isso também entrará no nosso "contas a pagar"? É, parece mesmo ser o fim! Não sei como reagiremos ao externo? Nem mesmo, o quê, consideraremos "normal"? O último a sair, favor cerrar o túmulo!
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M.P. Jul. 2021
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