(impressão após a leitura)
Despretensiosamente, iniciei a
leitura do “Na minha pele”, o título não me trouxe a ideia do que seria o conteúdo
desse livro, e nem me prendi muito a isso, geralmente, o título é o “alguém”
que me leva à leitura, quem ganha o meu interesse. Não dessa vez! Sua leitura
veio após o prestigiar/presenciar de “O topo da montanha”, portanto, pós um
encantamento/curiosidade em descobrir um ator, produtor, autor, enfim, um homem
negro de muitas facetas, o reconhecimento de um semelhante, atualmente, “representatividade”.
Posso dizer também que veio pós uma vontade em reproduzir uma foto com a capa
do livro e unir nossas faces que, só após ler-te, entendi ser muito mais que um
simples montar de um mosaico, esses recortes vão muito mais além, arrisco em dizer
que vão ao encontro do espelho outrora partido, ao resgate e ao entendimento da
História ocultada, calada, reprimida.
Dizem que comemos com os olhos, e
eu digo que a expressão não se adéqua só a comida, pois, saboreei cheia de
afirmativas: “sim”, “isso”, “bem assim”, “entendo perfeitamente”, “é exatamente
isso”, e com questões como: “não é só comigo”, “não são indagações só minha”,
enfim...
“Empoderamento e afeto”.
“[...] buscar diariamente
estratégias de sobrevivência traz muitos pequenos machucados” (p.137).
Eu poderia ler, e reler, e reler,
e reler, e reler, e a cada nova leitura encontrar um novo trecho de mim. Todos
os pontos de interrogação, todo humor que evita vácuos e maiores explicações, o
calar-se em introspecção... Seremos todos iguais quando todos puderem VER, ou,
ao menos, se propuserem a... (estar na minha pele). Empatia sem hipocrisia.
Não! Não é mi mi mi.
Termino a leitura emocionada,
mexida, revirada, provocada, feliz. Feliz por essa conversa de iguais (não sei
se posso dizer assim, melhorarei), feliz por esse diálogo afetivo. O que se
iniciou de forma despretensiosa, se tornou surpreendente. E com um título
acertadamente próprio – “Na minha pele”. Sua escrita “não biográfica” se
revelou uma biografia pura, dura, bela, e carregada de verdades, que tive o
prazer de ler e de (me) encontrar. Obrigada por sua/nossa voz.
“Tudo é simbólico ‘(e muito real)’. O símbolo fica no
coração e transforma uma pessoa,... [...]” (p.129). E que possa continuar a
transformar.
Falo como em um diálogo contigo,
numa tentativa de dar continuidade à conversa que começamos no prólogo desse
livro. Sim, foram longas horas de uma linda, necessária e reveladora conversa.
Grata!
Milene Paula
29 dez. 2017
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