Estão tão acostumados ao
amor, a serem amados, que são ignorantes aos que não são. Àqueles que dormem e
acordam sozinhos que são sozinhos em sonhos... Àqueles que não fazem falta...
Estão tão acostumados ao
amor que o não amor, soa estranho, errado. Não amar é uma doença, ou melhor,
consideram “impossível” ao não amado não ser amado por ninguém.
Só o sabe quem está entre os
que não têm amor. Ao outro é estranhismo, irreal.
Só o sabe...
Quem acorda todos os dias sem
expectativa.
Quem em noites de frio procura por mais
um cobertor.
Quem sempre confirma a reserva pra um.
Quem suspira à lua ou ao deitar do sol
somente pela beleza do fenômeno.
Quem caminha com suas mãos nos bolsos ou
de braços cruzados ao peito.
Estão tão acostumados ao
amor que repudiam a tentativa de ser feliz sozinho.
O outro já derramou mais
lágrimas do que podia computar.
Não está sozinho por não
tentar.
O está pelo querer não
mútuo, por toda dor virar poesia, pela cruz que é capacitado a carregar.
Estão tão acostumados ao
amor que o dizer: - ilusão... Condena-te.
Dizem-me: - amor!... E eu
sorrio toda minha solidão.
Milene Paula
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