- E a madrugada?
- Pra escrever, claro! Entreter-se, ater-se, sonhar...
- Então dorme?
- Não. Sonhos não se dão fechados por trás
dos olhos. Sonhos são despertos...
- Manhã? Luz do dia?
- Noite, alvorecer, deixar-se perder, esquecer...
- Memória de certo?
- Certo!? O que é certo?
- O que não é errado?
- E o não errado? Não o sendo, não seria
certo?
- O não certo... Errado? Não errado?
- A palavra perdida na encruzilhada do pensamento.
Entrou num caminho não seu nunca antes trilhado...
- Poema?
- Murmúrios da noite.
- Madrugada então?
- Tempo pra escrita, pro grito, pro perdão...
Mergulho dentro de si. Tinta a se derramar sobre o papel... Madrugada então.
Significada em letras soltas.
- Sonho?
- Por acaso viu fechar os olhos?
- Mas não disse que o sonho não se dá fechado
em olhos!?
- De certo que não!
Lisbella Lispectra
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