Sempre achei que viveria só até os 17 anos...
Portanto, não tinha muitas preocupações. Logo morreria e estaria tudo acabado. Segundo
relatos, na mudança de 1999 para 2000, haveria uma grande pane, e o mundo
acabaria. Pois bem, ele não acabou e não houve pane alguma, já devia ter
desconfiado de “fins” desde essa época. Aos 10 um pouco de sangue me forneceu
um breve relato sobre o ciclo reprodutivo e, jogar bola na rua com os meninos,
tornou-se uma proibição, pois eu era uma “mocinha” não pegava bem. Daí segue-se
2000, 2001, 2002,... As pessoas anseiam pelos 18, mais sempre preferi os 19,
muito mais sonoro, muito mais bonito. Já passou aquele desespero de completar
dezoito anos, chega-se brevemente aos dezenove e esquece-se da euforia de outrora...
Aliás, gosto de 19 e 27, só não me questione o por quê. 2003, 2004, 2005,
2006,... 2011. Levei dez anos para começar cursar uma faculdade...
Perdas? Tive algumas importantes pelo
caminho...
Aos 15 não tive festa de debutante, tive um
pequeno bolo, presentes meus irmãos e minha mãe. De presente um palhacinho de
pelúcia. Nunca gostei de palhaços, mas este, é sagrado, ganhei da minha mãe que
se foi meses depois... Morreu em casa diante dos filhos. “Morrer ela já morreu
mesmo” (foi o que me disse a mocinha do SAMU, nem sei se era esse o nome na
época).
Colecionei alguns lutos, a morte brincou
comigo tentando saber o quanto eu seria forte... (avô, mãe, tios, primos,
avó...). A morte sempre se premoniza, preste atenção! Nega-se, mais no fundo
podemos sentir. Pequenos sinais confessam que não se adia o fim. Vi alguns
diante de meus olhos...
2012. Vinte e um do doze de dois mil e
doze... É! O mundo também não acabou, mas “recriou-se o universo”. Não terminou
aos 17 e não terminou aos 29. Sigo!
Diante do espelho uma mulher de 30 anos.
Trinta!!!
Algum grande amor nas entrelinhas? Tenho alma
de poeta. Foi-me designado escrever sobre o amor, não vivenciá-lo...
A irmã mais velha de dois irmãos. Já casados.
Homens casados... Só mudam os títulos, por isso, aos olhos dos pais somos
eternas crianças, seus pequenos... “irmãos cajazeiros”, aos olhos do meu pai. É
diferente sendo igual...
Aos 30 não a pra onde correr. Não se é
criança, nem adolescente, aos 30 você é, obrigatoriamente, mulher! Mesmo que
não queira, não sinta, não aparente fisicamente... 30 anos diz: “você é uma
mulher”.
Pra quem achava que só viveria até os 17 anos,
que sempre foi uma moleca, e de vez em quando se disfarça de mulher, que odeia os
sintomas do ciclo reprodutivo, que olha e não vê o quanto de vida pós “fins” já
transcorreu... Que nessa manhã olhou no espelho suspirou e percebeu que... De
repente... 30.
Milene Paula
Aii Mi.. Você me inspira!
ResponderExcluirParabéns pelo seu aniversário
Parabéns pelo texto
Parabéns pela mulher que você É!
Att,
Lyvia Pimentel