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Mostrando postagens de 2014

HÁBITO MAL APTO

Estão tão acostumados ao amor, a serem amados, que são ignorantes aos que não são. Àqueles que dormem e acordam sozinhos que são sozinhos em sonhos... Àqueles que não fazem falta... Estão tão acostumados ao amor que o não amor, soa estranho, errado. Não amar é uma doença, ou melhor, consideram “impossível” ao não amado não ser amado por ninguém. Só o sabe quem está entre os que não têm amor. Ao outro é estranhismo, irreal. Só o sabe... Quem acorda todos os dias sem expectativa. Quem em noites de frio procura por mais um cobertor. Quem sempre confirma a reserva pra um. Quem suspira à lua ou ao deitar do sol somente pela beleza do fenômeno. Quem caminha com suas mãos nos bolsos ou de braços cruzados ao peito. Estão tão acostumados ao amor que repudiam a tentativa de ser feliz sozinho. O outro já derramou mais lágrimas do que podia computar. Não está sozinho por não tentar. O está pelo querer não mútuo, por toda dor virar poesia, pela cruz que é capacitado a c

SEM DEDICATÓRIA

Eu sou assim. Poema sem dedicatória. Palavras sem destino algum. Emudecida de um sentir privado. Não gostando por proibição. Ensaiando diariamente estar bem, pois, não caibo no propósito. Não caibo em pulsação. Só. Na ilusão do ainda acreditar. Tentar... Coitada... Eu sou assim. Palavras não ditas e decifradas. Eterno trilhar solitário. Noite. Poemas vãos. Olhares não mais cruzados. Segredos não confessos. Nenhum roçar de mãos... Mandam. Obedeço. “Não quero você!” Não precisou nunca ser dito por boca. Vêm em não gestos. Vem em não estar. Vem em forma do não querer de ti – Eu... Sou assim. O ninguém de muitos alguéns. Poema sem dedicatória. Noites em solidão. Pura compreensão de estar só. Milene Paula

Qual o sentido da vida pra você?

A única certeza que temos é a de que um dia vamos morrer. Errado. Negamo-nos a ver que para continuarmos vivos, temos que envelhecer. E isto, embora, sabido, é negligenciado. Buscamos formas de “retardar” o envelhecimento, para prolongar a vida (irônico o ser humano, não é?). Prolongar a vida é prolongar o ato de envelhecer. E por que razão será que isto nos assusta? Eu gosto da forma como os meus textos alimentam-se para serem escritos. Gosto das coisas, formas e imagens que provocam meu descodificar. Hoje foi um seminário sobre “envelhecimento”.  Um seminário!? A gente nunca espera que um seminário seja algo provocador, ao menos, eu não esperava que assim o fosse. Surpreendi-me! Quando algo me põe a refletir... Escrita. Ma-tu-ra-ção. Voltemos ao velho. Soa ruim, né? Velho. Como algo que não se quer, não se deseja, não orna, não brilha. Como algo que não é, e nunca se quer ser. A partir do momento em que se nasce já se caminha a ser velho, ao envelhecime

MENINA MULHER DA PELE PRETA (lado B)

Meus textos andam meio “desabafos” e eu desgosto até a página 2 desta constatação. Existem assuntos difíceis, e existe a necessidade de se expelir o que lhe incomoda. Assim como no nosso organismo, um corpo estranho é repelido, bloqueado, inutilizado. Meus textos não são raciais. E não se pressupõe, por um texto, a qual “raça” pertença seu escritor. Mas, o teor do desabafo faz com que se necessite dizer, jogar pra fora. - Sou negra. (e ser negra não (d)(es)gosta, também, até a página 2) Muitos acreditam que o preconceito racial está findo, diminuído, arquivado. Parafraseando a virtualidade – “só que não”. Faz-se parecer tão sutil que fica fácil acreditar. Alguns textos saem porque martelam tanto na mente, tanto... Alguns textos saem porque o peito fica pequeno e a mente se perde em devaneios “down”. E fechar-se em feto não é a solução. Se ponho-me ao vômito muito já degustei sem sabor... Ver de fora sempre foi mais simples. As pessoas olham e apontam as “corr

SOLTEIRO

Nunca parei pra pensar na definição ou, no “real” significado dessa palavra. Isso se existe significado real, pois, segundo o Aurélio – o dicionário (àqueles da época Google) – “é aquele que não está casado”. Mas, ouvi um pregador dar-lhe um significado tão “certo” pra mim, tão real à minha realidade, que provocou outras palavras e significados a serem ditos e vivenciados. Ele definiu solteiro como: "Ser distinto, único, diferente, separado e inteiro". Não como alguém só e que necessite ser completado. Mas, como alguém que precise se “encontrar” para, quem sabe, ser dois. Que para ser feliz a dois é necessário ser feliz (só)zinho... Me alegrou um novo saber e me entristeceu confirmar o só... “Então – poeta – talvez a poesia continue a ser mórbida. Provavelmente, seja o que minha poesia é.” Portanto, não me perguntem quando terei alguém, ao invés disso, questionem-me se eu já sou solteiro. O que não sei se serei antes de minha morte... Inteiro.

MENINA MULHER

Menina. Mulher. Mulher. Menina. Nasceu: Menina. Espelho: Mulher. Presa em um corpo de menina. Sufocada pela mente de uma mulher. Mulher? Menina? Relampeia: Menina. Só... Mulher. Quando tudo mudou? A ordem não é a menina tornar-se mulher? Então, por que parece tão menina se és mulher? Por que tão mulher sendo menina? Chora por ser menina ou, seca suas lágrimas por ser mulher? Estou confusa... Nasceu: Menina ou Mulher?

Não há ordem e não há progresso

“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / de um povo heroico o brado retumbante”... O povo “heroico” bradou na Arena Corinthians, e fez ensurdecer quem quer que fosse com o grito de gol. Não há ordem e nem progresso, então, o que presumem ser esse “direito” de gritar gol, bater no peito e sentir “orgulho” de ser brasileiro? Orgulho!? Por uma pátria que a muito nem é amada e muito menos, idolatrada! Orgulho por uns terem tanto enquanto outros não têm quase nada! Orgulho da impunidade... Orgulho, poderia se pensar em ter, se todos soubessem o hino e, pelo menos, metade do que todas aquelas palavras significam. Não há ordem e nem progresso, porque eu deveria estar feliz? O pão e o circo calam multidões há milênios. Entristece que não vejam, sintam ou saibam serem manipulados. Compraram os ingressos, vestiram verde e amarelo, sentaram-se no estádio e vaiaram a presidente. Nossa! Só eu vejo que o “manifesto” foi super válido, pelo amor, né! Não liguei minha TV durante o jogo e

Medo!?

Há tempos não sentia medo. Medo desses que dão frio na barriga estremecem a espinha e te enchem de dúvida. Quem sabe permiti amar mais do que poderia? Quem sabe a expectativa se exacerbou? Quem sabe o que você, alvo de sentimento meu, sinta? Ridículo esse sentimentalismo adolescente! Quando dei por mim estava longe o pensar... Tudo o que é dito corrói. Imaginar então? Pedi por permissão e estou com medo... E agora como calar o coração? Será que quero calá-lo? O medo é o de não encontrar a face refletida O medo... Sempre é o de ouvir um sonoro ou si-len-ci-o-so, NÃO! Milene Paula

Diálogos 001

- E a madrugada? - Pra escrever, claro! Entreter-se, ater-se, sonhar... - Então dorme? - Não. Sonhos não se dão fechados por trás dos olhos. Sonhos são despertos... - Manhã? Luz do dia? - Noite, alvorecer, deixar-se perder, esquecer... - Memória de certo? - Certo!? O que é certo? - O que não é errado? - E o não errado? Não o sendo, não seria certo? - O não certo... Errado? Não errado? - A palavra perdida na encruzilhada do pensamento. Entrou num caminho não seu nunca antes trilhado... - Poema? - Murmúrios da noite. - Madrugada então? - Tempo pra escrita, pro grito, pro perdão... Mergulho dentro de si. Tinta a se derramar sobre o papel... Madrugada então. Significada em letras soltas. - Sonho? - Por acaso viu fechar os olhos? - Mas não disse que o sonho não se dá fechado em olhos!? - De certo que não! Lisbella Lispectra

O que é o X dentro de uma equação?

Afunde essa adaga em meu peito! O que lhe impede? Vejo em seus olhos que também crê em mistérios Quando não sou nenhum... Espero pelo dia em que descubro não ser tão forte (não como todos pensam) Espero pelo golpe que será o fatal, Enquanto estás aí a desvendar o indesvendável... As muralhas construídas não foram exploradas. Os olhos dão passagem à alma. O SER explica a solidão. Embora caminhe ao meu lado, não me vê E aponta ao invisível esperando que se defenda Cobra da face ao espelho: "Quem é você?" Golpeie-me! Uma hora há de parar de sangrar E quem sabe eu me encontre aí? Toda sangue ao chão, para finalmente ser eu Vista, entendida, misturada... Não mais equação. Não mais um mundo meu em mim... Sangre! O que há dentro (ex)posto pra fora. O que há dentro? Desmistifique esta equação Nomeie o "x" Milene Paula (ou não)