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Mostrando postagens de 2013

Não gosto da visita da morte

E sorrateiramente a morte estava a sondar meus pensamentos... Abanei... Deixei pra lá. Na TV o anúncio da morte de um grande líder. Entre nós (não menos líder) um pai, avô, tio-avô e, recentemente, bisavô. A morte não é ímpar. Costuma levar consigo mais de um exemplar... E, quando mexe com família, família grande, triplica o derramar de águas... O lembrar de momentos... Torna ainda maior a saudade. Não me agrada a visita da morte. Nunca se sabe a melhor maneira de servi-la... O que ela leva nunca é pouco. Muito se paga ao ceifador. Estremece a ideia de fechar os olhos pela última vez... E ela estava a me sussurrar... Tenho medo desse diálogo com ela. Prevê-la. Entendê-la. Esperá-la... Embalou meus sonhos. Tomou um café, embora tenha pedido por chá. E, surpreendeu-me pela manhã. Espere... Já é noite. Ela costuma carregá-los a noite para que os chore pela manhã... Quase todos eles chorados nas manhãs. Não me agrada a visita da morte. Chega. Senta-se. Não balb

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C orpos, corpos sobre mim, ao redor de mim, por todos os lados... Ar ansiado numa crise  asmática. Ar contido mas, suposto, inexistente. Realidade aumentada, realidade  exagerada, realidade pútreda... Tive por instantes mil fobias reprimidas afloradas de uma só vez, por conta do ar bactericida lançado em minha face sem pudor. Cega. Mil imagens desenharam-se em cada tossir, em cada sopro seu de ar. Mil imagens de ti sem ele, engasgado, contorcido, caído... Sim! Ponha-se a parir matriarca do consumo! Aborte sobre nós toda essa ilusão de melhor! Pra quem? Que brote sobre teu chão cinza milhares de latas menores, caixões ao trabalho não findo sobre morrer... Quanto a ti, desejo-te fatiado e exposto para servir de refeição a mesma colônia que me obrigou abrigar... Assisti-lo definhar junto a essa sociedade enlatada, e eu, saciada, obterei prazer em sua dor. E sofrera calado junto aos outros, engaiolado nesta dita condução pública. Lisbella Lispectra

Abstinência

- E pode isso? Abstinência de gente? Uma falta que corrói, destrói e dilacera. Querer improvável. Querer o que não se tem e não se sabe se terá. Querer e saber não poder estar, contar, ouvir, consumir, sufocar... A necessidade de devorar a presença do outro. - Oxênte! Coisa de doido! Querer devorar gente. Embeber presença, toque, perfume, pensar... Mas saber, abnegar... esquecer... deixar ir... Já que és tão claro quanto ao não querer ficar. O responder não perguntado dito em silêncio. Reação em cadeia - Segregar - Abnegar - Dormir E esperar que amanhecer desfaça a dor Carregue consigo todo o sentir que se proíbe a mim Pois, por hora, o que tenho é “dezenamente”, “centenamente”, “miliamente”... abstinência de você - Mas menina, e pode isso? Abstinência de gente? - Pode. E não se atente não pra tu ver! Milene Paula

Caído

Você pisca e bum está no chão sem saber o que o derrubou. Levanta um pouco a cabeça, olha de um lado pro outro. Sacode a poeira e segue. Passado um tempo isso se repete. Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro. Se levanta... Cai. Olha de um lado pro outro e se levanta? Agora percebendo que muito de si ficou no chão e está pisoteado, sujo, despedaçado. O que lá está, caído, não se recompõe, não reagrupa, não mais faz parte. Você caiu e olhou para o que não é mais, o que nunca será, o que talvez fosse e agora não reconhece. Está ao chão caído, pisoteado, sem poder olhar de um lado pro outro, vendo solados afundando-te, com braços e pernas que já não reerguem, pois, não há corpo, não há razão pra sair dali. Agora é chão como pode ser novamente algo que cai, olha e levanta? Não a pra que... Milene Paula

SER HÍBRIDO

Cruzam meu caminho algumas pessoas “únicas”, iluminadas, verdadeiras, fortes... Pessoas que me fazem querer e ser melhor. Por isso, sim. Estou cansada. Cheguei cansada. E muito do que aqui se relata, no caminho já se perdeu, por outrora ter sido pensado e, como já foi pensado, agora perdeu pureza... Mas não importa, por momentos assim, pessoas assim, as palavras merecem ser posterizadas. Vale estar agora aqui consumida por um instante bom. Ao sair disse-me “diga”, e só assim sei dizer, em letras e não em som ou pronuncia, em palavras que me escorrem e gritam. E digo assim, vorazmente, sedentamente, por ter sido provocada. É, pro-vo-ca-da. Como a muito não sou e de maneira que me agrada. O provocar que gera palavra, inquietação, riso, razão a vida, motivação... Ia guardar pra mim. Depois ia dizer só a ti. Mais aí então, tinha sido e ainda estou provocada. Então, precisava compartilhar... Deixar partir... Ser... Não está pronto – disse. Mas a vida não está, o ser nunca o é, qu

...

Nunca mais dediquei tempo a uma ou duas linhas. A algum relato sem sentido sobre o que sinto ou, não deveria sentir... Estou perdendo... E o ruim não é perder, é se conformar com isso. Sem luta. Sem vontade. Sem arrependimentos. O ruim é perder-se e não querer se encontrar. Evito o tempo que permite. Evito sons, sonhos, imagens, acreditar... Algumas coisas já foram... estão sendo deixadas e nem notam. Triste. Não há mais dedicar de linhas, troca de palavras, troca de olhar, sentir que não faz sentido. Cansei e parti, ou melhor, estou deixando partir. Se assim o quer? Não impeço nada. Parta. Saia. Grite. Caia. Cale. E me deixe perder partes de mim que nunca mais vou encontrar.

Não gosto

Não gosto do não encontrar. O não te ver que questiona. Indaga. Suspira. Estraga. Não gosto de gostar. Na verdade, não gosto das consequências contidas no gostar. Nada. Letra. Música. Lamento. Horas iguais... Não gosto do não encontrar. De ter que inventar desculpas a minha mente. Aos rabiscos de você que surgem sem querer num querer mútuo – mente e coração, ou, fisiologicamente falando, hipotálamo-neurotransmissores-secreção endógena-coração, enfim, pensar, idealizar, construir, e rapidamente apagar. Não gosto do não pensar. O imaginar não é o mesmo que o real. Embora, primeiro nasça no pensamento, contorne a boca, suspire e, PLUNFT, real. Desperta, desconexa, sem chão, sem sal, inerte, imaterial... Não gosto do não encontrar. Não gosto de imaginar onde está. Não gosto do sentir algo não bem e negar. Não gosto das madrugadas-sufoco-oco-caos... Não gosto de não te encontrar nas entrelinhas. Milene Paula

Linha tênue

Como estou? Quem se importa? Afinal, é frescura. Um mal humorzinho á toa. Uma desculpa para gritar, xingar, deixar de fazer... Quem dera fosse... Uma palavra entoada diferente – e choro. Um olhar na direção contrária da esperada ou não – e raiva. Uma entrelinha mal traduzida – e briga. É muito mais que um período de “tensão” pré-menstrual, que no meu caso, perdura durante. Portanto, é tensão pré, durante e, às vezes, pós-menstrual. O pior estado de espírito que pode existir. Difícil acordar e não saber como reagirá às coisas. Difícil não compreender-me além do convencional. Difícil ser incógnita, embora, alguns achem que é personalidade forte, ou coisa do tipo. Difícil chorar, rir, odiar, amar, evitar, sumir, gritar, calar, deprimir... num único suspiro. Uma vez por mês receber uma descarga hormonal de-ses-tru-tu-ra-do-ra. Um tsunami contido num corpo feminino, num corpo humano. Um desastre “natural”. Mesmo? Natural? Não é nada natural querer que as pessoas morram. De

... (030)

Não há força nem a escrita. Busco, olho, pergunto. “– Onde foi que me perdi?” Quem é essa que vai ao espelho? Essa, a que quase nunca sorri? Parece que perdeu algo muito importante. A essência de alma, talvez. O ecoar de um grito. Uma voz... Quem é essa que já não posso lembrar? De certo era íntima. Alguém que sempre vinha me visitar. Estranho! Não sorri! Por que será? Carrega um pesar em sua face... Caminha com dificuldade... Quem será? Já não me lembro com clareza, és apenas um vulto que se faz familiar. Quisera reconhecer-te, nessa nova face minha. Ser eu... apenas lembrar. Tirar-me das memórias tristes. Implantar-me num sonhar-refém de um novo alguém que não consigo identificar. Ter, ao menos restaurado o prazer do escrito-mito-alma meu. Milene Paula 18 abr. 2013

FAMÍLIA

Um óvulo e um espermatozoide se fecundam, formam um zigoto este, por sua vez, se tornará um feto. Feto do afeto ou do desafeto, mas vindo de dois. Dois que, em algum momento de suas vidas, descobriram que menino tem “pipi” e menina “periquita” e, essa diferença permite o “encaixe”, permite que dois se tornem um e formem um terceiro. E o terceiro contem em si os dois. Carrega em si toda uma herança genética, fosse só isso, carrega em si a FAMÍLIA. Vem ao mundo sendo muito mais que código genético, vem sendo membro, vem sendo: amor, desamor, brigas, choro, riso, ausência de noites bem dormidas, enfermidade, companhia, semblante semelhante, FAMÍLIA. E família, - goste ou não, SE RESPEITA. Família dá chão, constrói valores, corrige, passa a mão na cabeça, confronta, doa, ergue, às vezes (embora não devesse) derruba... Família educa. É feita de heróis e heroínas, exemplos, conexões, de amor inexplicável. Muito mais que 21 cromossomos, um ser humano se faz de um pai e uma mãe. Que

De repente... 30

Sempre achei que viveria só até os 17 anos... Portanto, não tinha muitas preocupações. Logo morreria e estaria tudo acabado. Segundo relatos, na mudança de 1999 para 2000, haveria uma grande pane, e o mundo acabaria. Pois bem, ele não acabou e não houve pane alguma, já devia ter desconfiado de “fins” desde essa época. Aos 10 um pouco de sangue me forneceu um breve relato sobre o ciclo reprodutivo e, jogar bola na rua com os meninos, tornou-se uma proibição, pois eu era uma “mocinha” não pegava bem. Daí segue-se 2000, 2001, 2002,... As pessoas anseiam pelos 18, mais sempre preferi os 19, muito mais sonoro, muito mais bonito. Já passou aquele desespero de completar dezoito anos, chega-se brevemente aos dezenove e esquece-se da euforia de outrora... Aliás, gosto de 19 e 27, só não me questione o por quê. 2003, 2004, 2005, 2006,... 2011. Levei dez anos para começar cursar uma faculdade... Perdas? Tive algumas importantes pelo caminho... Aos 15 não tive festa de debutante, tive um

SIMPLES

Às vezes nos deparamos com frases do tipo “a vida é simples” e pensamos – simples nada. Ou “ser feliz é simples, o difícil é ser tão simples”. E eu digo - não, não é! Não é difícil ser simples e imagino que nem ser feliz. Ai você pensa – ela está louca. E eu digo – quem sabe? Parece que nascemos com um dispositivo chamado “complicador”. E culpamos a vida. As oportunidades não dadas. Imagino que não sejamos seres humanos, que estamos aqui para ser humano, para aprender a ser gente. Descomplicar e ser SIMPLES. Olhar e ver. Ouvir e escutar. Falar quando necessário, se preciso, não por falar. FAZER dentro do limite do respeito. FAZER até onde o outro permite. FAZER. E não omitir, calar, consentir com um aceno de cabeça enquanto o coração diz que não. Não guardar: mágoas / rancor / dor / palavras / sonhos / gritos / medo / amor... Tem gente que não gosta de ser ensinado. Orgulho? Medo? Já sabe tudo? Gosta de não saber nada? Não sei. Tudo o que sei é que a vida é uma lição di

... (026)

Ai você percebe que não foi, não é e, que nunca vai ser você. Que de alguma maneira não foi feita pra dar certo, que você não é PERFEITA pra ninguém. Que as partes que faltam não são poucas. Pensar em TI não traz sorrisos e nem poemas. Estar longe não causa ausênsias/distâncias calculadas ou sentidas. Ai você percebe – outra vez – SENTIR SÓ O riso sarcástico que compreende sem se comprometer, sem abraçar, mais que lacra essa alma vagante... Enegrecido está o céu para chorar minha dor, para lavar meus passos errados, meu trilhar o fim. Fim dos desejos não sanados em meu corpo / Fim do crer gente-nós, ser possível. ME DEIXE EM PAZ! O que será que eu fiz? Haja indagações para decifrar dentro de uma só vida / Haja interrogações que caibam nesse meu agora / Haja eu para tanto mim, para me suportar... Por que é necessário ser nós quando mal sou um? Não sou tela, Não sou poesia, Não sou espetáculo que mereça aplausos no final. Milene Paula 14 fev. 2013

...

Não sei pelo que espero atrás da porta pa-ci-en-te-men-te, tal qual  uma pequena criança acuada por seus medos, que só poderá ser socorrida por um rosto familiar e confiável, pois, não é qualquer um que tem o poder de arrancá-la dali. Seu abrigo, seu lugar seguro, só perdendo para o cobertor, que não deixa nenhum mal lhe acontecer. Sair e enfrentar o mundo, se permitir... Tão fácil quando dito mas, se não há quem lhe dê a mão e te faça crer que é seguro, sair, enfrentar, não passa de uma ideia absurda, então, você fica e espera, pa-ci-en-te-men-te, que haja coragem em alguma parte de você. M.P

Desisto OFICIALMENTE do amor

Declaro, nesta presente data, que desisto do amor romântico. Não dos outros amores – do amor ágape. Destes usufruirei até onde me for permitido mas, abdico do amor romântico. Tantos anos transcorridos... Não há surpresas nesse quesito. Ao nascer disseram-me – será só. E neguei crer até o presente momento. Lavro neste documento minha decisão. Abdico os suspiros, o olho no olho, o toque das mãos, o acelerar do coração, o frio na barriga (ou a jaula de borboletas), as juras, as confissões à lua cheia, o perfume que lembra, a espera... D. Pedro disse “fico”, Milene Paula diz “chega”. A inteligência não pode ser questionada, pois bem, o amor também não. Não se sabe o que há no outro até que ele mesmo diga ou, permita saber. Não há outro que me pertença, não há eu que se permita pertencer, desejar, querer, estar, sonhar, lembrar... Neste dia de hoje eu DESISTO. Assumo publicamente minha covardia. O medo de tentar e mergulhar de cabeça no vazio. Ouvindo ecos de SOLIDÃO. As
Aaaaaaaaaaaah! Estou exalando palavras hoje! Ainda não pude localizar a fonte. Não sei onde está você... Tornei-me suspiros. Um não-sei-o-quê de TPM sentimental e ruim. Logo um mar-morto-em-sangue-meu. Minha única verdade. O sangrar fiel mês a mês. Ontem aninhada em braços quentes. Hoje vomitando palavras enquanto não suporto nem sequer minha companhia. Talvez seja sorte estar sozinha... Não! Sei que é covardia mesmo. Quisera ser brava guerreira a tomar pra si o cavaleiro que se senta no mesmo canto da taberna todas as noites. Ainda estou aqui! Não passou! A vida é a única que passa e corre me julgando uma maratonista, ignorando o tamanho de minhas pernas e meu preparo físico. Dizem que o fardo nunca é maior... Continuo carregando. De vez em quando dou-lhe socos. Paro quando sangra a boca e dói a boca do estômago e a vista do espelho parece muito ruim. Por que não? Apenas me diz. Milene Paula / Lisbella Lispectra

Procurando

Estou procurando e a muito que me perdi na procura. Durante sabe! Distraindo-me com coisas menos importantes. Seduzindo-me por palavras não suas. Acreditando em futuros não meus. Estou procurando e o coração já está pequeno de tão contraído. Arranquei gavetas / Desarrumei estantes / Espalhei CD’s Estou procurando e as letras não correspondem, formam palavras que não posso compreender independente da presença de meus óculos Estou procurando e dei por notar seu não estar, quando sempre creditei estar – aqui... Estou procurando, não sei o quê, não sei pra quê, não sei... Sei que preciso encontrar. Embora desgaste esta procura. O que se encontra sem querer. Descobertas da não procura – fatos que revelam – quem é você? Estou procurando, me diga – é insano? Querer encontrá-lo no meio do mar? Lisbella Lispectra

Mil faces de mim

É com um suspiro que se iniciam alguns textos. Travo diariamente uma batalha silenciosa comigo. Diálogos infindos, brigas, conselhos, repreensão. Os textos são sobre mim na maioria das vezes. Partes. Mil faces de mim... É to-tal-men-te aplicável a mim – “não é você, sou eu”. Porque sou EU quem não sorri, quem não fala, quem não age, quem sempre compreende um segundo depois... A pessoa que estará sozinha a alimentar suas personagens, acenando da janela para a felicidade, vendo a chaleira fumegar no acampamento. Não sei como mudar isso. Tudo o que sei, é que dói. Dói muito. Ver no fundo de teus olhos que espera algo de mim. E eu não encontrar a chave ON/OFF, o estado VIVO, não saber a pronuncia das palavras. Olhar através da fechadura e ver um corpo não MEU deitado ao lado SEU a dormir nos braços MEUS pertencentes a VOCÊ. Olhar através da fechadura e ver outro a realizar meu desejo por ser eu um covarde na arte de tentar. Olhar através da fechadura e e
Espanta tamanha similaridade. Sonhos, desejos, sons... Um VIVO e o outro MORTO, estagnado, mais repleto da mesma vontade. O gritar trancafiado na alma que se liberta em doses homeopáticas carregado de enigmas chamados... palavras. Arrepia ser tão igual e exatamente OPOSTO. Mesma ALMA que compartilha um outro CORPO... A certeza de se ver, não como reflexo, como um todo fazendo morada no mar de seus OUTROS olhos. Olhar pra si e ver VOCÊ. Lisbella Lispectra

Cabeça cheia

É durante a noite que a mente fervilha. O dia com suas intervenções, performances, instalações, trilhas sonoras impedem a mente de dizer, ela limita-se a consumir, e nesse consumo ensandecido ela arde sem saber e durante a noite desmistifica o querer. Durante a noite arde e as chamas transpassam o crânio, sangram a pele, criam cicatrizes, as ideias tornam-se palavras, às vezes, com significado algum... Enigmas ocultos no não dizer...  Um sujeito que passa o dia a ouvir, absorver, mudo... Basta o surgir da lua e ele pôe-se a acreditar que tem algo a dizer. Que vão parar por um segundo e compreender tudo o que dançou na mente durante a osmose do dia. Durante sua inércia de vida. Sua dúvida, seu medo, sua dor, seu não ser... Os verá passar, dizer, sonhar, cantar, amar, criar e, o ignorar durante mais um dia, para voltar a arder em chamas falantes pela noite achando ser qualquer coisa que compreende o mundo.  Lisbella Lispectra

Inveja

Invejo quem vive Invejo que se apaixona  Invejo quem não se preocupa, simplesmente vai lá e faz  Invejo quem chora  Invejo quem ri de tudo e pra todos  Invejo quem sonha e é ousado o suficiente para torná-lo real  Invejo quem diz o que pensa e na hora certa  Invejo quem vive grandes amores  Invejo... e tudo o que vejo é que possuo é um pecado capital

Não

- Não.  - Não o quê?  - Nada. Só não.  - ?  - Não.  - O quê?  - Não sei! Só não.  - Oras!  - Não.  - Chega! Resolve logo isso!  - Não! Não há o que resolver!  - Não?  - Não.

O último e melhor gole

Ando desbravando silêncios...  Caminho em busca de coisas - a mim, inalcançáveis  Quero encontrar-me no fundo dos seus olhos castanhos  Tornar o sonho de todas as noites/tardes/dias... real  Escrever em ti a poesia que é para ti, boêmio de meu bar  Dedicar-lhe o último e melhor gole de meu vinho barato  A ti, que és poesia minha, saber meu – desejo  Sufocar debaixo dos escombros de teu corpo num prazer secreto  Não perder pro medo, nem dar sopa pro azar  Quanta bobagem vinda de um covarde  Terminadas estas linhas vou almoçar  Com o sonho da tarde que caminha pra noite e me desperta para o alvorecer  Sem imaginar quando saciada estará a fome, como. Abro outra garrafa de vinho e dedico-lhe o último e melhor gole.

Vômito

Há um estranhamento em pensar na escrita como um vômito. Mas, o que seria? Senão, vômito. Jorro de emoções aprisionadas no âmago.  Enfia-se o dedo na garganta e expele, deixa que saia. Dizem que a sensação será muito melhor... E o é. Sempre é quando se diz... Quando se vomita e aquilo que te faz mal ou te incomoda ou te cutucou de alguma maneira, sai. E você se depara com todas as letras, frases, verbos, versos esparramados ali na sua frente, fétido, e os limpa da maneira que melhor couber no momento.  Enfiar o dedo na garganta. Enfiar o dedo na ferida. Mostrar o dedo... Tudo isso organizado com jeito, diz. Embora não passe de vômito. Ideias que necessitam de um modo para se esparramar e se fazer ver, entender, compreender, ouvir... Vômito. E as pessoas só visualizam o processo final.  Milene Paula

(...)

Precisando tanto de um lugar pra me consumir a mim... assim mesmo, redundantemente, pleonasticamente, me consumir a mim... Morrer. E se, e quando quiser retornar...  Tentando com as últimas forças, aquele momento que dizem – esperança, (re)erguer e com um fio de cada lado de meus lábios – sorrir... acreditar...  Ouvir por alguns instantes o mundo calado. Pois, existem silêncios para serem ouvidos, descobertos, despertos dos sonos profundos do (des)querer/querer você, ir além...  Existem tempos que são traduções literárias, descrições da alma... Existem tempos para não serem reconhecidos, por isso, morrer, calar, sonhar, se lhe convêm...  Algo está muito errado. Ao fechar os olhos não sei ser... A que habita seus sonhos, a que toca seus lábios, a que tem seu riso dedicado... Não sei amar você...  Lisbella Lispectra

Desabafo fútil...

1º momento: pequeno furdunço logo de manhã. Mas isso é previsível quando se habita um local onde cabe-se poucos já quando organizado, imagine quando não... 2º momento: estava bem. Fui ao meu compromisso. Mais uma criança para esse 2013... Sinto que estou rodeada delas pra onde quer que eu olhe.  3º momento: precisava comprar umas coisas. Cheguei a comprar algumas, não todas que precisava e, surpreendi-me notando que não poderia. Me entristeci... 4º momento: caminhando... Gosto de caminhar e, o preço do transporte, dito público, agrega muito a esse gostar... Tomei chuva. Sombrinhas não protegem ninguém da chuva. Molhei meus pés... Aí, por um lampejo de pensar, lembrei que tenho que comprar um tênis, daí lembrei do 3º momento, aí voltei a ficar triste... Como estou me sentindo hoje? Deprimida e incapaz... Dói saber que preciso de muito pouco para sobreviver e não ser provida nem mesmo desse pouco que é muito, tá foda!

Fechado para balanço

Não fiz um balanço de final de ano, de transição... Sempre tive uma agenda para finalizar, concluir, neste ano não tive... Deixei de ter documentado alguns fatos, deixei de relembrar as boas coisas e as ruins edificantes.  Passei por algumas promessas de fim. E 2012, assim como outros, não terminou, seguiu. Agora eis-me aqui, adentrando outros doze meses... Até os dito fins são ilusórios... O ano não foi ruim. Nunca o é de todo. Amadurece-se mais do que se é feliz, no meu caso. Terminei com algumas vontades e começo com tantas outras. Não prometo, não planejo, não espero. A muito deixei de criar expectativas. Estou incapaz até de me surpreender. Triste!? Não. Real. E piora com o avançar dos anos. Numerologicamente iniciamos um ano 6 (2+0+1+3) = família, relações afetivas. É o que me permite progredir – família, amigos... e agradeço todos os dias por isso. O meu ano pessoal será regido por um número mestre. Não penso sobre isso, mais gosto de pensar em boas energias, em não negativid