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Mostrando postagens de outubro, 2010

1918*2010

Linda senhora, Já não sinto o cheiro delicioso da manhã regado por teu mingau... já não se tem couve picada bem fininha... já não brilham as bocas do fogão... Pra onde foi? São noventa e dois anos desde o teu nascimento, e hoje, sofrem pelo teu falecimento. As lágrimas são pra guiar teu caminho e aliviar corações comprimidos... A benção minha vó! Ecoa a cadeira de balanço no canto do quarto e a missa finda-se no rádio. Nem o bem-te-vi no fim te visitou. Também calo-se em respeito aos teus cabelos brancos e sua pele enrugada. Negra Ana, negra guerreira, negra matriarca, negra Mariana... uma canção... Vai-se e deixa uma legião de negros fortes. Filhos, netos e bisnetos. Herdeiros de Seu'Jão e Donana. Herdeiros de bons princípios... Já não se ouvirá a agulha de crochê raspando no dedo e os chinelos arrastando pelo chão... aliás, há algum tempo que já não se ouvia, mas a lembrança guarda-os com precisão. Nos últimos dias ecoava pragas, preces, canções, às vezes, uma "ai, ai, ai, A

a face que o espelho não mostra...

Eu sei exatamente quem sou, o que sou, como pareço ser! Mas, só quando outro alguém diz, quem eu sou, é que eu passo a existir... É só a partir desse momento que sei "exatamente" quem sou! E nesse ponto minha vida se transforma ou, tem que se transformar, pois, até então, não era nada, e agora, além disso ser verdade, tenho que fazer algo contrário, embora soubesse todo o tempo o que eu era, e o que parecia ser... E temendo dia após dia a dura verdade. Sabendo sem querer acreditar, até o momento de alguém dizer e tornar-se realidade, a minha realidade, o meu secreto saber de que nada sou, apenas, um dependente de você - o outro, que a qualquer momento diz_____ pum..._____real...