Linda senhora, Já não sinto o cheiro delicioso da manhã regado por teu mingau... já não se tem couve picada bem fininha... já não brilham as bocas do fogão... Pra onde foi? São noventa e dois anos desde o teu nascimento, e hoje, sofrem pelo teu falecimento. As lágrimas são pra guiar teu caminho e aliviar corações comprimidos... A benção minha vó! Ecoa a cadeira de balanço no canto do quarto e a missa finda-se no rádio. Nem o bem-te-vi no fim te visitou. Também calo-se em respeito aos teus cabelos brancos e sua pele enrugada. Negra Ana, negra guerreira, negra matriarca, negra Mariana... uma canção... Vai-se e deixa uma legião de negros fortes. Filhos, netos e bisnetos. Herdeiros de Seu'Jão e Donana. Herdeiros de bons princípios... Já não se ouvirá a agulha de crochê raspando no dedo e os chinelos arrastando pelo chão... aliás, há algum tempo que já não se ouvia, mas a lembrança guarda-os com precisão. Nos últimos dias ecoava pragas, preces, canções, às vezes, uma "ai, ai, ai, A